sábado, novembro 18, 2006

Coração poderia fazer reparos sozinho, diz estudo

da BBC Brasil

Cientistas britânicos mostraram que células na camada mais externa do coração podem migrar para uma camada mais interna caso o órgão apresente falhas e necessite de reparos essenciais.

A migração de células progenitoras é controlada por uma proteína chamada timosina beta-4, substância já conhecida, que reduz a perda de células musculares depois de um ataque do coração. A descoberta abre a possibilidade para o uso da proteína no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para doenças do coração.

Células progenitoras são semelhantes a células-tronco, pois têm o potencial para se transformarem em diferentes tecidos adultos. Acreditava-se que não havia uma fonte destas células no coração e que elas viriam da medula óssea.

A nova pesquisa é a primeira a mostrar que estas células, na verdade, estão dentro do tecido do coração. O estudo da University College de Londres (UCL) foi publicado na revista científica "Nature".

Novos vasos

A equipe da UCL descobriu que células progenitoras sob influência da timosina beta-4 na camada mais externa do coração podem ser estimuladas a formar novos vasos sangüíneos.

Os pesquisadores criaram camundongos sem a timosina beta-4 em seus corações e descobriram que os corações destes camundongos não se desenvolviam normalmente --o músculo cardíaco mostrava sinais precoces de perda de tecido e o desenvolvimento de vasos sangüíneos era menor.

Um exame mais detalhado revelou que, sem a timosina beta-4, as células progenitoras não conseguiram se mover para as partes mais internas do coração e mudar suas estruturas para a formação de células necessárias na reconstrução de vasos sangüíneos saudáveis, sustentando o tecido muscular.

Para investigar se a proteína também pode ajudar a "consertar" corações de adultos, os pesquisadores pegaram células da camada externa de corações de camundongos adultos e as cultivaram em laboratório.

"Descobrimos que, quando tratadas com timosina beta-4, estas células adultas têm tanto potencial quanto células embriônicas para criar um tecido cardíaco saudável", disse o pesquisador-chefe Paul Riley.

Terapia

Riley disse que o uso da timosina beta-4 pode levar a uma forma mais eficaz na reparação de corações danificados.

"No futuro, se pudermos descobrir como direcionar as células progenitoras usando a timosina beta-4, teríamos em mãos uma terapia de grande potencial, baseada nas células cardíacas do próprio paciente", acrescentou.

"Esta terapia iria contornar o risco de rejeição pelo sistema imunológico, um grande problema com o uso de transplantes de células-tronco de outras fontes. Com o benefício extra de que as células já estão no lugar certo, dentro do próprio coração."

O professor Jeremy Pearson, da British Heart Foundation --uma das entidades fomentadoras da pesquisa-- afirmou que os resultados são "importantes".

"O grupo de Riley conseguiu um grande passo em direção a uma terapia prática para encorajar corações danificados a se restaurarem sozinhos, um objetivo que é urgente para pesquisadores", disse.

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