sexta-feira, novembro 17, 2006

"Agora güenta eles...."

Bem-vindo ao futuro: os robôs agora se consertam sozinhos

Por Will Dunham

WASHINGTON (Reuters) - É um feito que faz pensar em robôs com consciência e mentalidade próprias. Cientistas apresentaram na quinta-feira um robô quadrúpede e perspicaz, parecido com uma estrela-do-mar, que é capaz de notar danos em seu corpo e encontrar sozinho um jeito de consertá-los.

Os pesquisadores Josh Bongard (Universidade de Vermont), Hod Lipson e Victor Zykov (ambos da Universidade Cornell) construíram um robô que observa seu próprio movimento com a ajuda de sensores nas articulações, o que faz seu computador interno gerar um conceito de si mesmo -- ao menos da sua estrutura física.

Ele usa esse modelo interno de si próprio para perceber como caminhar sobre suas quatro pernas e oito articulações motorizadas.

"No início, o robô começa e não sabe como ele é. Você olha e vê que é uma máquina de quatro patas, mas o robô não sabe. Ele acha que poderia ser uma cobra, uma árvore, ou ter seis patas", disse Lipson em entrevista.

Segundo ele, o robô usou vários movimentos das suas articulações, primeiro para gerar hipóteses e então para formular uma percepção acurada de si.

Os pesquisadores então testaram a capacidade do robô para se adaptar a novas situações -- neste caso, um "ferimento" -, encurtando uma das pernas. O robô percebeu que algo estava errado.

Animais compensam ferimentos mudando os movimentos -- mancando, por exemplo. As máquinas podem ser programadas para reagir a um problema de certa forma, mas, quando os danos são inesperados, normalmente elas falham.

Mas esse esperto robô reagiu gerando um novo conceito da sua estrutura, sentindo precisamente a alteração, e então criando uma nova forma de andar, usando um passo diferente para se adaptar.

"Não achamos que seja auto-consciência, que seria o robô pensar em si", disse Lipson. "Mas acho que ele está avançando na direção da consciência, como um gato, nesse nível."

Além da contribuição ao debate filosófico, a pesquisa tem implicações práticas -- por exemplo, eles poderiam ser no futuro enviados para explorar ambientes inóspitos em outros mundos ou no leito marinho.

"Robôs em outros planetas precisam ser capazes de continuar sua missão sem intervenção humana caso sejam danificados e não possam comunicar seu problema para a Terra", disse Bongard em nota.

O pesquisador Christoph Adami escreveu um comentário que acompanha a pesquisa, intitulado "Com que sonham os robôs?", uma alusão ao romance de ficção científica "Andróides Sonham com Carneiros Elétricos" (1968), de Philip Dick.

O "sonho" que ele descreve seria a forma pensada pelos robôs para se repararem sozinhos. "Embora os robôs pareçam preferir sonhar consigo mesmos em vez de com carneiros elétricos, eles podem sem querer ter nos ajudado a entender com o que sonhamos."

Lipson não se abala com cenários em que máquinas maliciosas se voltam contra seus criadores humanos, como nos filmes "O Exterminador do Futuro" e "2001: Uma Odisséia no Espaço". "É só tirar o robô da tomada", recomendou. "Há coisas mais imediatas com que se preocupar do que com isso."

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