quarta-feira, janeiro 17, 2007

[POLÍTICA] Sobre a novela da sucessão na presidência da câmara!

Quem é o culpado? Lula, naturalmente

Enquanto caça sozinho votos avulsos, ao contrário do seu adversário que conta com a ajuda de ministros, governadores e de um partido disciplinado, Aldo Rebelo (PC do B-SP), presidente da Câmara dos Deputados e candidato à reeleição, celebra em silêncio pelo menos três vitórias nada desprezíveis colhidas da semana passada para cá:

* conseguiu carimbar Arnaldo Chinaglia (PT-SP) como o candidato dos mensaleiros, do ex-ministro José Dirceu e da facção paulista do partido interessada em conquistar espaço dentro do governo e manter Lula sob razoável controle;
* contribuiu com palavras e ações para a crise que corrói o PSDB desde que a maioria da sua bancada na Câmara aderiu a Chinaglia por telefone;
* ajudou a viabilizar o lançamento do candidato da 3a. via a presidente da Câmara, Gustavo Fruet (PSDB-PR). Quem hoje está com Fruet poderá estar com Aldo em um eventual segundo turno contra Chinaglia. Sem o terceiro candidato não haverá segundo turno.

Tudo isso é muito ou pouco? É o bastante para que Aldo volte a sonhar com a reeleição?

Não se sabe. Nem ele mesmo sabe a essa altura.

Faltam pouco mais de 10 dias para a eleição. E a escolha do presidente da Câmara se faz pelo voto secreto. É uma faca que corta dos dois lados. Pode beneficiar Aldo ou confirmar o atual favoritismo de Chinaglia.

Longe dos holofotes da mídia, a disputa travada pelos dois é feroz, desigual e ao cabo deixará graves feridas na base de apoio ao governo na Câmara. E tudo porque Lula, do alto dos seus 58 milhões de votos, preferiu cruzar os braços e assistir a carnificina de camarote. Faz posse de democrata quando apenas é omisso.

Se reeleito, Aldo não deverá sua vitória a Lula, muito menos ao governo. Afinal, está sendo obrigado a trocar o modelito candidato chapa branca pela confortável condição de aspirante a chefe de um dos poderes independentes da República.

Não será hostil a Lula - nem de longe. Mas também não será mais vassalo dele.

Se Aldo acabar derrotado, a maneira pela qual Chinaglia terá vencido esgarçará mais os laços que ainda unem o PT ao PC do B e ao PSB, seus tradicionais aliados.

Em 2010 não haverá outra Lula capaz de reunir de Delfim Netto e Severino Cavalcanti a Eduardo Campos (governador de Pernambuco pelo PSB) e Ciro Gomes (aquele ex-ministro que falava muito e que sumiu do mapa desde a reeleição de Lula).


Para apimentar a questão...


Mensaleiros, uni-vos!

De Gerson Camarotti em O Globo, hoje:

"Fechou-se o circuito dos mensaleiros ao redor da candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara. Depois de ter conseguido a adesão do PR (ex-PL), ele acertou ontem e fecha hoje, oficialmente, o apoio dos outros dois partidos que, como o PT, operaram o esquema do mensalão: PTB e PP. Nos últimos dias, Chinaglia fez uma intensa mobilização para atrair essas bancadas, o que deve fortalecer sua guerra contra a reeleição do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Em sua campanha, o petista trouxe de volta ao Congresso personagens citados no escândalo que motivou a maior crise política do primeiro governo Lula.

Ontem, circulavam com desenvoltura pelos corredores e gabinetes da Câmara pedindo votos para Chinaglia os ex-deputados Pedro Correa (PP-PE), cassado pelo plenário, e José Borba (PMDB-PR), que renunciou ao mandato para não ser cassado. Também passou pelo Salão Verde o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou ao mandato depois do envolvimento no chamado escândalo do "mensalinho". Todos, em plena campanha por Chinaglia.
— O Chinaglia vai ganhar e tem o nosso apoio. Ele representa o pulso firme contra as covardias feitas em relação a esta Casa. Ele vai resgatar a Câmara. O escândalo do mensalão já é passado. Não tem mais nada a ser descoberto. Aliás, vários deputados pagaram com juros, correção monetária e multas por causa desse mensalão. A fatura já foi contabilizada e isso é matéria vencida — disse José Borba.

Nos bastidores, o deputado José Janene (PR), ex-líder do PP, tem telefonado para aliados cabalando votos. Nessas conversas, tem assegurado que Chinaglia sempre foi um aliado fiel e o trata como amigo. Dá seu testemunho que o petista esteve ao seu lado quando foi acusado de receber dinheiro do esquema do empresário Marcos Valério, pivô do mensalão. Janene foi absolvido em plenário no final de 2006, depois de quase um ano em que o seu processo ficou parado."

by NOBLAT


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