terça-feira, fevereiro 27, 2007

[BRASIL] Em 2006, PIB do Brasil só bate o do Haiti, de novo

O IBGE divulgará na próxima quarta-feira uma má notícia. Refere-se ao resultado do PIB no ano de 2006. Ficará abaixo de 3%. Segundo as perspectivas dos agentes do mercado financeiro, divulgadas nesta segunda-feira (26) pelo Banco Central, a economia brasileira cresceu no ano passado só 2,7%. Uma previsão muito próxima da que foi feita pela Cepal: 2,8%.

Seja 2,7% ou 2,8%, o desempenho do PIB brasileiro voltará a ocupar posição constrangedora no ranking das economias latino-americanas. Superará apenas o desempenho do Haiti (2,5%). Ficará muito atrás da República Dominicana (10,7%), da Venezuela (10,3%), da Argentina (8,5%), do Uruguai (7,3%) e até do Paraguai (4%).

O desempenho do Brasil será acanhado também na comparação com os países do chamado BRIC –sigla que reúne as letras iniciais das quatro principais economias emergentes do mundo. A China cresceu 10,7% em 2006. O governo da Índia estima que seu desempenho de sua economia será positivo em 9,2%. A Rússia cresceu 6,8%.

As autoridades da equipe econômica brasileira já ensaiam o discurso que irão esgrimir a partir da divulgação dos dados acerbos do IBGE. Dirão, em uníssono, que a situação de 2007 será diferente. Brandindo o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), acenarão com crescimentos mais expressivos nos anos vindouros: entre 4% e 4,5% em 2007 e 5% em 2008.

São previsões dissociadas do ânimo do mercado. Conforme as opiniões recolhidas pelo Banco Central, os agentes financeiros brasileiros apostam em 3,5% para 2007 –percentual idêntico ao previsto pela Cepal. Cravam os mesmos 3,5% para 2008. confirmando-se essas expectativas, o Brasil empataria no penúltimo lugar com o Paraguai, superando, novamente, apenas o Haiti, cuja previsão de crescimento para 2007 é de 3%.

Aos pouquinhos, o Brasil vai perdendo o bonde da prosperidade mundial. Tomando-se apenas a América Latina, o crescimento médio em 2006 foi, segundo a Cepal de 5,3%. Para 2007, prevê-se que o continente crescerá 4,7%.

Em meio a essa atmosfera adversa, o governo anuncia para março a revisão da metodologia adotado pelo IBGE para calcular o PIB. Pretende-se, entre outras coisas, aumentar o peso do setor de serviços, que estaria subestimado no cálculo atual. Se não for muito bem explicadinha, a revisão soará como uma "mandracaria".

Escrito por Josias de Souza

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